Dogville e Manderlay | Jovens Americanos

Mundo de Dogville
Mundo de DOGVILLE
Trilha Sonora do post: Young Americans - David Bowie

"We live for just these twenty years
Do we have to die for the fifty more?"
- BOWIE, David. Young Americans


Como chegamos até aqui como sociedade? Sempre aprendemos que precisamos olhar para os erros do passado para não cometê los no futuro. Lindo isso! Será que não avisaram ninguém depois da primeira guerra? Depois da segunda talvez? Durante a guerra fria tenho certeza que avisaram... Não?  Vietnã? Golfo? Iraque?... Nada? #indignado Como podem? Vou xingar muito no Twitter!

Em tempos de redes sociais e mais ainda próximo a eleições, aflora na população um espírito solidário tão grande para com a população que pessoas até brigam entre si discutindo o que é melhor para a "nação". Nobreza ímpar dos cidadãos.

Cidades com habitantes hipócritas, egoístas e com milhares de outros defeitos são as sociedades completamente "distópicas" representadas por Lars Von Trier tanto em Dogville quanto em Manderlay.

Dogville


Dogville, basicamente trata de uma crítica a sociedade egoísta, que se recusa a agir com altruísmo e também se recusa a abrir os olhos e ver os problemas que os cerca. As paredes "invisíveis" acabam por reforçar esse pensamento. Já o fato do filme ser todo filmado dentro de um estúdio, além de contribuir para o desconforto do espectador, que se sente preso naquela cidade junto com Grace (Nicole Kidman), também evidencia a recusa da cidade/cidadãos em evoluir.  


Manderlay


Em Manderlay, sequência direta, ainda acompanhamos Grace (dessa vez interpretada por Bryce Dallas Howard), mas agora na cidade de Manderlay (obviamente). O paralelo dessa vez é por conta da "abolição" da escravatura ou, mais especificamente, a hipocrisia que ela representava. Ideias, pensamentos, teorias, por mais belas que sejam, elas não vão colocar um prato de comida na mesa de ninguém.

"Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo."
- FREIRE, Paulo



Bastidores

A genialidade desses filmes que podia parar apenas nos questionamentos a sociedade presentes no roteiro, vai muito além. Os cortes bruscos, a câmera sobre os ombros e seus ângulos muitas vezes bem fechados em conjunto com os improvisos dos atores acabam trazendo toda uma carga de desconforto para o espectador, que acaba se sentindo culpado por toda aquela situação. O processo de filmagem como um todo foi bastante experimental, com ares de uma peça teatral de improvisação, exigindo muito dos atores. O resultado foi esse, belos filmes, super desconfortáveis e por isso tão interessantes.
 


Conclusão


Citando David Bowie, onde estão os jovens americanos? Onde estão aqueles jovens que sonhavam com dias melhores? Belchior e Elis Regina conseguem responder. Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais. No final, nos acomodamos a apenas criticar os erros dos outros através das redes sociais. Qualquer um pode ver os problemas que afligem o mundo, basta abrir os olhos, mas agir é muito mais difícil, cansa, porque você tem que sair do lugar, e não te dá nada em troca, porque é assim que funciona o 'altruísmo', não se confundo com o 'selfie-altruísmo'.


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