A adaptação da obra de mesmo nome
de Níkos Kazantzákis, publicada em 1951, foi lançada por Martin Scorsese em
1988. O filme acabou trazendo tanta polêmica quanto Justin Bieber e Miley Cirus
juntos. Mas, por quê? Foram merecidas as críticas? O filme é nada mais do que
uma blasfêmia cinematográfica? Confira todas as respostas para essas perguntas,
ou não, nesse review sensacional, modéstia à parte, escrito por esse que vos
fala, ninguém menos do que o seu querido Oitavo Anão, nesse domingo regado a muito bacalhau, espinhos rasgando a garganta e ovos mais caros que o carro que eu não tenho.
Analisando friamente o filme, podia cortar fácil, uma hora de lenga-lenga que não ia fazer a menor falta. Sendo sincero, até a crucificação de
Jesus (spoiler na sua cara), o filme é muito paradão, falta muito ritmo e objetivo ao longo dessa parte. Ele fala que não quer
seguir a bíblia, tem muitas vezes que não segue, mas fica durante quase uma hora
como se fosse mais um filme da vida de Jesus. Então, você fica perdido, sem
saber o que o filme quer. Até que Jesus é crucificado, porque aí sim o filme
passa a ter um objetivo e ratificar muitos acontecimentos ao longo do filme.
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Willem DaFoe é Jesus |
Enfim, a polêmica. Tem que ficar
bem claro pra todas as pessoas, que esse filme não é/ não foi uma adaptação das
passagens bíblicas, então é claro que vai ter muita coisa "errada". O filme foi
feito pra passar uma mensagem, um pensamento do autor em relação ao assunto. Scorsese
consegue passar bem, através de Willem DaFoe, a ideia do autor de Jesus como um
mortal tentando aceitar o seu chamado, com todas frustrações, tentações e
sentimentos de um homem "comum".
O filme faz algumas adaptações
sim, mas nada de forma anti-religiosa, pelo contrário, as adaptações foram
feitas de maneira bem poética, na maioria dos casos. Dois exemplos são: o
trabalho de Jesus e a "importância" de Judas Iscariotes. Jesus aparece no começo
do filme em seu trabalho, onde ele é responsável por construir e carregar a
cruz dos condenados. Por que eu achei isso legal? Simplesmente, porque, a meu
ver, representa Jesus sofrendo com os pecados dos homens, ele carregando a cruz
de cada pessoa. E a respeito do Judas, o filme
acaba dando uma foco muito grande na sua figura, mostrando que era necessário
ele ter traído Jesus pra tudo ter acontecido, ou seja, estava tudo nos planos (mas isso não isenta o Harvey Keittel da culpa não).
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Harvey Keittel é Judas |
Enfim, o filme traz a ideia do
Jesus homem, que embora filho de Deus, ele ainda é humano, sujeito a tentações,
o que acaba realçando ainda mais sua importância, uma vez que mostra que mesmo
sendo igual a nós, meros mortais, ele conseguiu cumprir seu objetivo. E cabe
ressaltar também a fala de Paulo, “Você vê, você não sabe o quanto as pessoas precisam de Deus. Você não sabe o quão feliz Ele pode fazê-los. Ele pode fazê-los felizes de fazer qualquer coisa. Fazê-los felizes de morrer, e eles vão morrer, tudo por causa de Cristo. Jesus Cristo. Jesus de Nazaré. O Filho de Deus. O Messias. Você não. Não é por sua causa. Você sabe, eu estou feliz que eu conheci você. Porque agora eu posso esquecer tudo sobre você. Meu Jesus é muito mais importante e muito mais poderoso”. Sensacional, você sendo cristão ou não, é uma baita duma mensagem. Paulo fala sobre Jesus como um símbolo. Se compararmos com o mundo dos quadrinhos, seria como o V, que seu símbolo, seu significado se torna muito maior do que o homem em si. Parabéns, Alan Moore, Níkos Kazantzákis e Scorsese!
Então, fique ciente de que o
filme não tem o menor objetivo de ser fiel (duplo sentido) aos acontecimentos
da bíblia, mas passar essas mensagens, e acaba conseguindo passar muito mais do
que os filmes que estão apenas preocupados com os fatos históricos. Com isso,
fica essa dica do Domingo de páscoa, um filme maneiro do mestre Scorsese, desnecessariamente
grande, mas que vai te incomodar, seja para o bem ou para o mal. Vale a pena
questionar (em todos os sentidos) esse filme. #fikdik
Falando em V...
Agora me deixem em paz que eu tenho que comer minha barra da Garoto, porque foi o que o dinheiro deu pra comprar. Vocês podem aproveitar a "felicidade" do Domingo com a casa cheia de parentes animados e contentes pra divulgar o blog mais lindo e cheiroso da internet, a página mais atualizada do facebook e o twitter menos usado da globosfera. Feliz Páscoa, ou não!!!
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